É com uma baita ingrata satisfação que dou início a esse blog. Registrei esse endereço há alguns dias (acho que há mais de 60) e durante todo esse tempo fiquei me perguntando se deveria botar essa história pra frente ou não.
Antes de escrever essas linhas, resolvi levar ao conhecimento do poder público municipal, através de uma forma assim, vamos dizer, não muito oficial, o problema que estarei relatando nas ‘páginas’ desse blog. Realizei alguns contatos via telefone, recebi um sinal positivo de que medidas paliativas seriam tomadas para, mesmo que temporariamente, a situação fosse resolvida.
O meu contato forte me garantiu que procuraria o secretário adequado (minha memória de elefante não me permite lembrar o nome da secretaria) pra resolver esse problema. Não sei se entendi bem, mas parece que até o prefeito foi comunicado da desgraça que é o final do Canal do Rio Grangeiro.
Mas, passado vários dias parece que o secretario, o prefeito e até o meu contato esqueceram mais uma vez de
sse lado obscuro da realidade cratense.
Aos que lerão os posts que possam a vir ser publicados, garanto uma coisa: eu não me sinto feliz em publicar tamanhas atrocidades. Não me sinto orgulhoso em relatar que a cidade que eu escolhi para viver e constituir família sofre com o descaso de sua prefeitura, da respectiva secretaria e do inerte poder legislativo que fingem não enxergar que essa cidade é cheia de problemas estruturais, os quais prejudicam enormemente a sua população, principalmente, a parcela dela que por algum motivo (seja ele qual for) não pode residir em chácaras e mansões no sopé da chapada do Araripe ou algum bairro nobre dessa cidade.
É, de fato, lamentável, pelo menos pra mim, relatar num blog que em pleno centro da cidade do Crato, nas proximidades de um mercado de abastecimento, de uma unidade do SESC e, pasmem!, em frente à uma escola de ensino fundamental, haja uma lagoa que se forma diariamente com o acúmulo de uma enorme quantidade de esgoto doméstico que circula a céu aberto pelo centro da cidade cujos moradores a adjetivam de Princesa do Cariri. Essa lagoa, durante dois períodos do dia, exala um cheiro horrível. Esses momentos, incrivelmente, são a hora do almoço, estendendo-se até a hora do jantar e, da hora do jantar, estendendo-se até a hora do almoço do dia seguinte.
Enquanto escrevo essas amargas linhas, sinto o terrível mau-cheiro que exala da citada lagoa. Esse fedor parece que queima os pelinhos de minhas narinas e, me causa, muitas vezes, dois sentimentos profundos: náuseas e ira.
Pois bem, caros leitores (e espero que eu tenha muitos). Vou finalizar essa apresentaçã
o um tanto estranha que, ao invés de apresentar o blog, foi logo direta ao assunto.
Espero realmente ter bastante tempo e assiduidade com esse blog para poder relatar o dia-a-dia desse cartão postal às avessas da princesa do Cariri. Procurarei postar algumas imagens, vídeos e, se possível, alguns relatos dos maltratados, esquecidos e humilhados cidadãos que margeiam a lagoa de fezes do Crato.
Feliz aniversário!
